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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

"Default"


Primitivamente
Primitivo
Sem motivo
E intuitivo
É como vivo
Se é que vivo
Pois sou passivo
E proativo
Emotivo
E objetivo
Traga logo o sedativo!

Thyago Ribeiro

"Verso"


De arte
De marte
De parte
Que parte
E reparte
O encarte
Do enfarte
Que mate
Sim, mate
Se mate
Me mate
Xeque-mate!

Thyago Ribeiro

segunda-feira, 11 de março de 2013

“Passivo”


Acende
Traga
Expira

Um gole
Um pigarro
E cospe

Mais um trago
Esbafora
E ri

Um escarro
Gesticula
Engole

Outro trago
Profundo
Se queima

Pragueja
Toma o copo
Outro gole

Um trago
Um pigarro
Um sorriso

Escarra
Saboreia
Engole

Thyago Ribeiro

sábado, 16 de fevereiro de 2013

“Sadismosatiríase”


Em teu dito amor
Encontrei a ira

Em teu mel sabor
Meu prazer se atira

Em teu justo horror
Vi o contentamento

Em tua plena dor
Sou mais um tormento

Thyago Ribeiro

sábado, 12 de janeiro de 2013

"O amor"


É fogo
É ódio
É sangue
É dor

Que vem
Que mata
Que move
O amor

É briga
É raiva
É fúria
É luta

Que pisa
E esmaga
Que cura
Disputa

É sim
É não
Talvez
Quem sabe?

Que viva
Que sinta
Que nunca
Se acabe

É preto
É branco
É cinza
É cor

Que risca
Rabisca
Que evita
Pudor

É choro
É lágrima
É tudo
É drama

Que pensa
Que passa
Tortura
Na cama

É doce
E amargo
É bom
É ruim

Começa
Termina
E nunca
Tem fim

Thyago Ribeiro

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

"Inexistência"

Nada sente
Nada ouve
Nada vê

Nada come
Nada bebe
Nada fuma

Dor não sente
Frio, talvez
Medo, sempre

Nada ama
Nada odeia
Nada importa

Nada pensa
Nada fala
Nada sonha

Não matou
Não morreu
Não viveu

Nada toca
Nada o toca
Nada, nada

Nada foi
Nada é
Nada será

Não existe
Não insiste
Não persiste

Thyago Ribeiro

terça-feira, 23 de outubro de 2012


       Atirei-me do abismo na busca pela felicidade. O vento beijava meu rosto anunciando a hora do adeus. Já fora dado o último passo em direção a uma nova vida, uma nova história regada de paz e tranquilidade. Tive tempo apenas para gritar. GRITEI. Gritei até que se formasse um nó em minha garganta. Foi quando GRITEI mais alto, e mais alto, e mais alto, e mais alto... Tão alto quanto pude aguentar. Senti-me feliz. Encontrei em mim o que tanto busquei. Cheguei ao chão. Aterrissei com a violência de uma pedra atraída pela gravidade. Estava leve como uma pena. Não pude mais sentir meu corpo. Estava imóvel. O céu tornara-se cinza. As aves buscavam abrigo. Senti, então, as gotículas de chuva acariciarem meu rosto. Eram gotas que caíam como lágrimas vertidas por amor. A chuva tornou-se densa, inundou tudo ao meu redor. Outra vez senti-me feliz. Senti um sorriso brotar em mim. Estava feliz. Tão feliz quanto jamais pudera estar. 

Thyago Ribeiro

"Psicologia do medo"


Os estilhaços do teu sangue, agora,
Correm em mim, corrompendo minh’alma
Fria, em busca de um caminho para fora
Deste corpo ardente em um novo trauma.

E como navalha que dilacera
Meu ser, sinto, pois, o teu desespero
- Psicólogo para esta quimera;
Analista, vilão, bom companheiro...

Arranca de mim teu sangue maldito
E faz-me desejar tua bondade;
Faz-me gritar com fôlego infinito,
Faz-me chorar em busca de piedade.

Thyago Ribeiro

sábado, 21 de julho de 2012

"Memórias de um pobre coitado"

Uma esmola, meu senhor,
Eu preciso de um cigarro.
Um trocado, por favor,
Pra pagar o meu pecado.

Uma esmola, meu senhor,
Pois não posso ir pra casa.
Sinto frio, sinto pavor
Quando durmo nesta praça.

Um trocado, meu senhor,
Dê-me um pouco de alegria.
Ponha fim neste terror,
Dê-me uma carta de alforria.

Uma esmola, meu senhor,
Mate a fome deste rapaz.
Um trocado, por favor,
Dê-me logo e siga em paz.

Um cigarro, meu senhor,
Só um trago me alivia.
Uma cachaça, por favor,
Só uma dose de agonia.

Uma esmola, meu senhor,
Pois preciso de uma cachaça.
Um trocado, por favor,
Ou eu faço uma desgraça!

A cachaça, meu senhor,
É o que esquenta a noite fria.
E o cigarro mata a dor
De estar vivo mais um dia.

Uma esmola, meu senhor,
Mate a fome deste rapaz.
Um trocado, por favor,
Dê-me logo e siga em paz!

Thyago Ribeiro


sábado, 9 de junho de 2012

“Ascenção”

Aprendi que o amor
- Pai dos sentimentos -
É escravo do medo.

Aprendi que amar
É torturar-se diariamente
Por vontade própria.

Aprendi que o medo 
É aliado ao prazer
E cúmplice da dor.

Aprendi que a dor
É filha da destruição
E mãe da adversidade.

Aprendi que a angústia
- Fruto da dor - 
Alimenta a maldade.

Aprendi que ser mau
É servir-se da desgraça e...
Não... Guardemos a crueldade.

Thyago Ribeiro

quinta-feira, 3 de maio de 2012

“Esquizofrenia”


Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.
Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.
Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.
Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.

Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.
Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.
Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.
Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.

Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.
Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.
Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.

Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.
Esmurrei o meu espelho porque nele vi você.
Eis o sangue!

Thyago Ribeiro

domingo, 15 de abril de 2012

“Analogias de um bêbado”

Como o álcool que corre em minhas artérias
Arde o sangue que hoje bebo para a morte.
Durmo, então, escondido numa cratera,
Ao relento, sem abrigo... – Não se importe.

Cada copo soerguido por esporte
Guarda em si minhas lembranças hoje velhas.
Guarda mágoas e cartas e recortes...
São pedaços e retalhos da matéria.

Venha, tome um copo, sente-se à mesa.
Sirva-se, amigo, dispense a gentileza.

Beba a dor, beba o mal, beba de tudo.
Beba a vida, beba-a de mim, beba o mundo.

Thyago Ribeiro

sexta-feira, 23 de março de 2012

"Sete passos para amar"

O princípio é quase sempre igual:
Despertam-se sonhos,
Evocam-se medos...
Sufocam-se angústias e sentimentos.

Olhares eternizam palavras e pensamentos,
Flagelam o tempo,
Transformam o real,
Constroem pontes e ligações...

Exploram-se ritmos e arritmias
Entre lágrimas e sorrisos...
Já não são pulsos,
Pois correm com força... são cascatas!

E a vida constrói-se em meio à contradição:
Esgota-se depressa,
Mas passa devagar -
E tudo o que importava não foi visto... 

Thyago Ribeiro 

quarta-feira, 14 de março de 2012

"Raridade"

Se queres amor, então vá busca-lo!
Lembre-se: Teu príncipe não vem a cavalo.
Teu grande ideal virou pesadelo;
- Adeus sonho mau, foi bom conhece-lo.

Thyago Ribeiro

sábado, 17 de dezembro de 2011

“Viajante do tempo”

Tem por vestes maltrapilhos
E uma bússola a guiar-lhe;
Leva então seus utensílios
Pra que o tempo não se espalhe

Vive um mundo tão distante
Com tormentas colossais;
Vive em busca de um instante
Onde tudo esteja em paz

Thyago Ribeiro

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Diga-me, então, o real valor da morte,
Pois na morte se esvai minh’alma nua.
Enterre-me, enfim, na dor de tua sorte,
E então com sorte morrerei em tua rua. 

Thyago Ribeiro

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

“Belle Femme”

Por quanto esmeralda
Serás lapidada
Do mais puro amor

Serás como fruta,
Mulher, prostituta,
Darás teu sabor

Serás indomada
Como onça pintada,
Leão sem temor

Serás a vaidade
Em fé e em verdade
Um show de horror

Pois rosa maldita
É flor parasita,
É planta sem cor

Serás impiedosa
Sem fé, poderosa,
Trarás o terror

Pois antes pintura,
Mulher, tens ternura,
Paixão do pintor

Serás a palavra
Que a língua destrava
Nas mãos do escritor

Por quanto criatura
Trarás amargura
Ao teu criador

Serás assassina
Pois antes menina
Perdeste o pudor

Menina indecente
Do mundo clemente
Já não sente dor!

Thyago Ribeiro

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Das brancas penas de tuas asas,
Das asas brancas do divino,
Da divindade de tua farsa,
Da falsidade do destino.

Do teu destino que arde em brasas,
Brasas brandas em ti surgindo,
Decaem as penas de tuas asas,
Decaem os sonhos de um menino.


Thyago Ribeiro

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

“O palhaço III”


Palhaço
Profeta
Ilustre
Poeta

Na praça
Na raça
Encanta
Com graça

E chora
E ri
Lá fora
E aqui

E sonha
Seus causos
Com beijos
E aplausos

E brinca
E dança
Eterna
Criança

Moleque
Levado
Menino
Danado

Palhaço
E louco
De tudo
Um pouco

Thyago Ribeiro

terça-feira, 23 de agosto de 2011

"A origem"

Do ócio surgiu o nada
E do nada veio a palavra
Da palavra fez-se poesia
E da poesia veio a avaria

Da avaria veio o sentimento
E só então surgiu o lamento
Mas com lamento não há negócio
E sem negócio ressurge o ócio


Thyago Ribeiro

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Que a cada dia nasça um novo amor
Um raio de sol que queime e ilumine
Que o teu olhar me acerte sem pudor
E diga o que a boca não exprime

Thyago Ribeiro

segunda-feira, 25 de julho de 2011

“Olhares”

Simplórios
Extintos
Inglórios
Famintos

Cansados
E mortos
Parados
E tortos

Molhados
E secos
Fixados
Nos becos

Felizes
Chorosos
De atrizes
E os nossos

Amados
E amantes
Galgados
Diamantes

Abertos
Fechados
Despertos
Travados

Olhares
Modernos
Lugares
Eternos

Thyago Ribeiro

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ouse correr à beira da estrada
Sentir o vento espalhar seus cabelos
Ouse esquecer sua vida passada
Mimar seu ego com teus zelos

Ouse pular da ponte abandonada
Gritar, berrar, chorar todos teus erros
Ouse ler de luzes apagadas
Ouse lutar, brigar contra os seus medos

Ouse viver um dia após o outro
Ouse morrer esperando reviver
Ouse, repouse, esperando o sol nascer

Thyago Ribeiro

segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Anjo"

   O que os anjos fazem no céu jamais deveria ser visto pelos perdidos olhos humanos. Infelizmente já era tarde. Não se ouvia mais os cânticos de louvor quando tudo foi exposto. Quem seria capaz de imaginar que anjos também são humanos, também pecam, também sujeitam-se ao prazer carnal? Anjos são como prostitutas, que vendem seus corpos buscando escapar de sua cruel realidade. Ai daqueles que, um dia, imaginaram serem os anjos divindades de sentimentos puros, ingênuos [...] A verdade é que tais divindades, são apenas representações fantasiosas da caótica natureza humana que, mesmo conhecida, ainda surpreende seus fiéis praticantes.
   Sem querer, vi os anjos, um a um, caírem e aos poucos se misturarem no que chamamos de civilização. Vi anjos abraçados unindo forças para voar. Vi seus olhares arrastados, ouvi seus segredos compartilhados, vi anjos tementes à luz do dia. Era inútil esconder o rosto, enterrá-lo por entre as mãos, cravá-lo nas almofadas. Já não eram anjos, tão pouco humanos. Eram mais, eram piores. Demônios? Jamais! [...] Eram rastros de sentimentos espalhados pela cidade. Eram dúvidas e certezas, eram livres encarcerados, eram tudo e nada, eram o alfa e o omega, eram novidades e clichês, eram início, eram o fim, eram você!
DESCANSE EM PAZ!


Thyago Ribeiro