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segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Anjo"

   O que os anjos fazem no céu jamais deveria ser visto pelos perdidos olhos humanos. Infelizmente já era tarde. Não se ouvia mais os cânticos de louvor quando tudo foi exposto. Quem seria capaz de imaginar que anjos também são humanos, também pecam, também sujeitam-se ao prazer carnal? Anjos são como prostitutas, que vendem seus corpos buscando escapar de sua cruel realidade. Ai daqueles que, um dia, imaginaram serem os anjos divindades de sentimentos puros, ingênuos [...] A verdade é que tais divindades, são apenas representações fantasiosas da caótica natureza humana que, mesmo conhecida, ainda surpreende seus fiéis praticantes.
   Sem querer, vi os anjos, um a um, caírem e aos poucos se misturarem no que chamamos de civilização. Vi anjos abraçados unindo forças para voar. Vi seus olhares arrastados, ouvi seus segredos compartilhados, vi anjos tementes à luz do dia. Era inútil esconder o rosto, enterrá-lo por entre as mãos, cravá-lo nas almofadas. Já não eram anjos, tão pouco humanos. Eram mais, eram piores. Demônios? Jamais! [...] Eram rastros de sentimentos espalhados pela cidade. Eram dúvidas e certezas, eram livres encarcerados, eram tudo e nada, eram o alfa e o omega, eram novidades e clichês, eram início, eram o fim, eram você!
DESCANSE EM PAZ!


Thyago Ribeiro

sábado, 28 de maio de 2011

“Angústia”

Cale-me com seu beijo
Faça de minha dor vontade
Mate-me com esse desejo
Torture-me com sua saudade

Mostre-me o que não vejo
Humilhe minha vaidade
Consuma-me sem pestanejo
Consuma-me sem piedade

Esse amor que tanto pelejo
Instiga minha maldade
Sem medo por ti esbravejo
Sem dó, sem fé, só crueldade

Então cale-me com o seu beijo
E faça de minha dor vontade
Outra vez por ti versejo
Fazendo de minha angústia ansiedade


Thyago Ribeiro

quarta-feira, 25 de maio de 2011

"Sonha(dor)"

   Embora incomum, é sempre um charme, ou ao menos curioso, começar uma história contando seu clímax final para só então desenvolvê-la. E assim começa, ou melhor, termina minha história, com um lento abrir de olhos e uma dor de cabeça infernal causada pelo esforço para tentar lembrar o que agora são apenas flashes preenchendo espaços vazios em minha mente.
   O início pode parecer comum, um dia qualquer numa sala de aula que exala o odor dos mais caros perfumes e colônias inventados pelo homem. Os amigos reunidos, cumprimentando-se, dando início a mais uma maratona inútil de aulas repletas de conteúdos que jamais serão aplicados fora daquelas quatro paredes. Abraços eram distribuídos incessantemente, disfarçando sentimentos que variam do amor incondicional ao ódio e o repúdio. Sentimentos esses originais de nada mais importante que a estúpida necessidade social humana e que, teoricamente, alojam-se no coração, mas, na verdade, escondem-se nas mais sombrias vielas do subconsciente e surgem como feras selvagens ao atacar na escuridão da noite.
  Um dia desgraçadamente perfeito, capaz de tornar inútil qualquer uma de minhas expressões irônicas de renúncia ou rejeição. A sensação de estar impregnado por toda aquela falsidade presente no ambiente deixava-me nauseado e tornava o ar tão denso que meus pulmões pesavam como chumbo e apertavam meu maldito coração.  Talvez fosse aquele meu último grito de desespero, pedindo socorro antes de ser tragado pelo próprio ego. Por mais triste que fosse a ideia de morrer ali, em meio ao grupo de pessoas que mais amei em vida, a satisfação por impedir que o monstro dentro de mim crescesse ainda mais tornava, para mim, aqueles segundos nos mais felizes de minha vida.
   E nesse momento, a realidade engoliu a fantasia e me mostrou que, apesar de doce, minha trágica (se é que assim podemos chamar) morte não seria mais que uma via alternativa, uma válvula de escape para um covarde com medo de seguir em frente e encarar seus piores medos...




Thyago Ribiero

sexta-feira, 6 de maio de 2011

   Olhos felizes que brilhavam como os de criança; Perdida no tempo em mais uma lembrança; Um sorriso forçado para esconder sua timidez; Um rostinho abobalhado disfarçando-a outra vez; Será menina ou será mulher?; Não importa! Será o que quiser; Fará de seu amante um servo iludido; Fará de mim, pensante, um animal em ti perdido;

Thyago Ribeiro

quinta-feira, 5 de maio de 2011

“Cara ou coroa”

Há três faces na moeda
Na moeda há três faces
São três faces da moeda
Da moeda, são três faces

Há três faces na moeda
Na moeda há três faces
Com três faces na moeda
A moeda com três faces

Há três faces na moeda
Na moeda há três faces
São três faces da moeda
Da moeda com três faces


Thyago Ribeiro