Páginas

terça-feira, 23 de outubro de 2012


       Atirei-me do abismo na busca pela felicidade. O vento beijava meu rosto anunciando a hora do adeus. Já fora dado o último passo em direção a uma nova vida, uma nova história regada de paz e tranquilidade. Tive tempo apenas para gritar. GRITEI. Gritei até que se formasse um nó em minha garganta. Foi quando GRITEI mais alto, e mais alto, e mais alto, e mais alto... Tão alto quanto pude aguentar. Senti-me feliz. Encontrei em mim o que tanto busquei. Cheguei ao chão. Aterrissei com a violência de uma pedra atraída pela gravidade. Estava leve como uma pena. Não pude mais sentir meu corpo. Estava imóvel. O céu tornara-se cinza. As aves buscavam abrigo. Senti, então, as gotículas de chuva acariciarem meu rosto. Eram gotas que caíam como lágrimas vertidas por amor. A chuva tornou-se densa, inundou tudo ao meu redor. Outra vez senti-me feliz. Senti um sorriso brotar em mim. Estava feliz. Tão feliz quanto jamais pudera estar. 

Thyago Ribeiro

"Psicologia do medo"


Os estilhaços do teu sangue, agora,
Correm em mim, corrompendo minh’alma
Fria, em busca de um caminho para fora
Deste corpo ardente em um novo trauma.

E como navalha que dilacera
Meu ser, sinto, pois, o teu desespero
- Psicólogo para esta quimera;
Analista, vilão, bom companheiro...

Arranca de mim teu sangue maldito
E faz-me desejar tua bondade;
Faz-me gritar com fôlego infinito,
Faz-me chorar em busca de piedade.

Thyago Ribeiro