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sábado, 17 de dezembro de 2011

“Viajante do tempo”

Tem por vestes maltrapilhos
E uma bússola a guiar-lhe;
Leva então seus utensílios
Pra que o tempo não se espalhe

Vive um mundo tão distante
Com tormentas colossais;
Vive em busca de um instante
Onde tudo esteja em paz

Thyago Ribeiro

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Diga-me, então, o real valor da morte,
Pois na morte se esvai minh’alma nua.
Enterre-me, enfim, na dor de tua sorte,
E então com sorte morrerei em tua rua. 

Thyago Ribeiro

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

“Belle Femme”

Por quanto esmeralda
Serás lapidada
Do mais puro amor

Serás como fruta,
Mulher, prostituta,
Darás teu sabor

Serás indomada
Como onça pintada,
Leão sem temor

Serás a vaidade
Em fé e em verdade
Um show de horror

Pois rosa maldita
É flor parasita,
É planta sem cor

Serás impiedosa
Sem fé, poderosa,
Trarás o terror

Pois antes pintura,
Mulher, tens ternura,
Paixão do pintor

Serás a palavra
Que a língua destrava
Nas mãos do escritor

Por quanto criatura
Trarás amargura
Ao teu criador

Serás assassina
Pois antes menina
Perdeste o pudor

Menina indecente
Do mundo clemente
Já não sente dor!

Thyago Ribeiro

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Das brancas penas de tuas asas,
Das asas brancas do divino,
Da divindade de tua farsa,
Da falsidade do destino.

Do teu destino que arde em brasas,
Brasas brandas em ti surgindo,
Decaem as penas de tuas asas,
Decaem os sonhos de um menino.


Thyago Ribeiro

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

“O palhaço III”


Palhaço
Profeta
Ilustre
Poeta

Na praça
Na raça
Encanta
Com graça

E chora
E ri
Lá fora
E aqui

E sonha
Seus causos
Com beijos
E aplausos

E brinca
E dança
Eterna
Criança

Moleque
Levado
Menino
Danado

Palhaço
E louco
De tudo
Um pouco

Thyago Ribeiro

terça-feira, 23 de agosto de 2011

"A origem"

Do ócio surgiu o nada
E do nada veio a palavra
Da palavra fez-se poesia
E da poesia veio a avaria

Da avaria veio o sentimento
E só então surgiu o lamento
Mas com lamento não há negócio
E sem negócio ressurge o ócio


Thyago Ribeiro

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Que a cada dia nasça um novo amor
Um raio de sol que queime e ilumine
Que o teu olhar me acerte sem pudor
E diga o que a boca não exprime

Thyago Ribeiro

segunda-feira, 25 de julho de 2011

“Olhares”

Simplórios
Extintos
Inglórios
Famintos

Cansados
E mortos
Parados
E tortos

Molhados
E secos
Fixados
Nos becos

Felizes
Chorosos
De atrizes
E os nossos

Amados
E amantes
Galgados
Diamantes

Abertos
Fechados
Despertos
Travados

Olhares
Modernos
Lugares
Eternos

Thyago Ribeiro

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ouse correr à beira da estrada
Sentir o vento espalhar seus cabelos
Ouse esquecer sua vida passada
Mimar seu ego com teus zelos

Ouse pular da ponte abandonada
Gritar, berrar, chorar todos teus erros
Ouse ler de luzes apagadas
Ouse lutar, brigar contra os seus medos

Ouse viver um dia após o outro
Ouse morrer esperando reviver
Ouse, repouse, esperando o sol nascer

Thyago Ribeiro

segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Anjo"

   O que os anjos fazem no céu jamais deveria ser visto pelos perdidos olhos humanos. Infelizmente já era tarde. Não se ouvia mais os cânticos de louvor quando tudo foi exposto. Quem seria capaz de imaginar que anjos também são humanos, também pecam, também sujeitam-se ao prazer carnal? Anjos são como prostitutas, que vendem seus corpos buscando escapar de sua cruel realidade. Ai daqueles que, um dia, imaginaram serem os anjos divindades de sentimentos puros, ingênuos [...] A verdade é que tais divindades, são apenas representações fantasiosas da caótica natureza humana que, mesmo conhecida, ainda surpreende seus fiéis praticantes.
   Sem querer, vi os anjos, um a um, caírem e aos poucos se misturarem no que chamamos de civilização. Vi anjos abraçados unindo forças para voar. Vi seus olhares arrastados, ouvi seus segredos compartilhados, vi anjos tementes à luz do dia. Era inútil esconder o rosto, enterrá-lo por entre as mãos, cravá-lo nas almofadas. Já não eram anjos, tão pouco humanos. Eram mais, eram piores. Demônios? Jamais! [...] Eram rastros de sentimentos espalhados pela cidade. Eram dúvidas e certezas, eram livres encarcerados, eram tudo e nada, eram o alfa e o omega, eram novidades e clichês, eram início, eram o fim, eram você!
DESCANSE EM PAZ!


Thyago Ribeiro

sábado, 28 de maio de 2011

“Angústia”

Cale-me com seu beijo
Faça de minha dor vontade
Mate-me com esse desejo
Torture-me com sua saudade

Mostre-me o que não vejo
Humilhe minha vaidade
Consuma-me sem pestanejo
Consuma-me sem piedade

Esse amor que tanto pelejo
Instiga minha maldade
Sem medo por ti esbravejo
Sem dó, sem fé, só crueldade

Então cale-me com o seu beijo
E faça de minha dor vontade
Outra vez por ti versejo
Fazendo de minha angústia ansiedade


Thyago Ribeiro

quarta-feira, 25 de maio de 2011

"Sonha(dor)"

   Embora incomum, é sempre um charme, ou ao menos curioso, começar uma história contando seu clímax final para só então desenvolvê-la. E assim começa, ou melhor, termina minha história, com um lento abrir de olhos e uma dor de cabeça infernal causada pelo esforço para tentar lembrar o que agora são apenas flashes preenchendo espaços vazios em minha mente.
   O início pode parecer comum, um dia qualquer numa sala de aula que exala o odor dos mais caros perfumes e colônias inventados pelo homem. Os amigos reunidos, cumprimentando-se, dando início a mais uma maratona inútil de aulas repletas de conteúdos que jamais serão aplicados fora daquelas quatro paredes. Abraços eram distribuídos incessantemente, disfarçando sentimentos que variam do amor incondicional ao ódio e o repúdio. Sentimentos esses originais de nada mais importante que a estúpida necessidade social humana e que, teoricamente, alojam-se no coração, mas, na verdade, escondem-se nas mais sombrias vielas do subconsciente e surgem como feras selvagens ao atacar na escuridão da noite.
  Um dia desgraçadamente perfeito, capaz de tornar inútil qualquer uma de minhas expressões irônicas de renúncia ou rejeição. A sensação de estar impregnado por toda aquela falsidade presente no ambiente deixava-me nauseado e tornava o ar tão denso que meus pulmões pesavam como chumbo e apertavam meu maldito coração.  Talvez fosse aquele meu último grito de desespero, pedindo socorro antes de ser tragado pelo próprio ego. Por mais triste que fosse a ideia de morrer ali, em meio ao grupo de pessoas que mais amei em vida, a satisfação por impedir que o monstro dentro de mim crescesse ainda mais tornava, para mim, aqueles segundos nos mais felizes de minha vida.
   E nesse momento, a realidade engoliu a fantasia e me mostrou que, apesar de doce, minha trágica (se é que assim podemos chamar) morte não seria mais que uma via alternativa, uma válvula de escape para um covarde com medo de seguir em frente e encarar seus piores medos...




Thyago Ribiero

sexta-feira, 6 de maio de 2011

   Olhos felizes que brilhavam como os de criança; Perdida no tempo em mais uma lembrança; Um sorriso forçado para esconder sua timidez; Um rostinho abobalhado disfarçando-a outra vez; Será menina ou será mulher?; Não importa! Será o que quiser; Fará de seu amante um servo iludido; Fará de mim, pensante, um animal em ti perdido;

Thyago Ribeiro

quinta-feira, 5 de maio de 2011

“Cara ou coroa”

Há três faces na moeda
Na moeda há três faces
São três faces da moeda
Da moeda, são três faces

Há três faces na moeda
Na moeda há três faces
Com três faces na moeda
A moeda com três faces

Há três faces na moeda
Na moeda há três faces
São três faces da moeda
Da moeda com três faces


Thyago Ribeiro

segunda-feira, 25 de abril de 2011

“Música!”

Em campo simples ele compunha
Cansou-se de escrever com dó
Tendo o sol como testemunha
Tendo a canção para cantar só

Ela dançava suavemente
Com um sorriso branco, envolvente
Uma Alice sem seu mundo de maravilhas
Uma menina do mundo das sapatilhas

Notas complexas em tons arranjados
Movimentos clássicos com nomes complicados
Instrumentos vazios, sem música, sem vida
Passos sombrios anunciando uma despedida

Sem swing e harmonia ele pôs-se a compor
Infeliz, sem alegria ele expôs o seu amor

No palco sem luz ela pôs-se a dançar
O seu mundo não existia, pertencia a outro lugar

Olhares afastados fixados no nada
Uma música tão bonita esperando ser tocada...


Thyago Ribeiro

terça-feira, 12 de abril de 2011

“Poeminha de amor”

Eu tentei falar de amor
Mas logo o rimei com a dor
Tentei te falar da paixão
E rimando vi o coração

No infinitivo tentei te amar
Mas isso é verbo, melhor parar
Não escrevi pois vivo em paz
Vi o céu azul, rosa e lilás

Fiz um poema sobre um clichê
Fiz um poema sobre você


Thyago Ribeiro

terça-feira, 5 de abril de 2011

“Alegria, alegria”

Alegria, alegria
Viva a noite
Viva o dia
Viva o real
E a fantasia

Alegria, alegria
Viva o sol
Estrela guia
Viva a lua
E sua magia

Alegria, alegria
Viva a solidão
E a companhia
Viva a tristeza
E a histeria

Alegria, alegria... 


Thyago Ribeiro